As Amarras do Cotidiano
A solidez do mundo e seu cotidiano
a contrapor-se com impalpáveis
pensamentos e sentimentos.
Toda a densidade física do corpo,
toda a magia de posse
que envolve os objetos no seu fetiche.
O raciocínio lógico
com a sua estrutura matemática
em confronto com as subjetivas sensações.
É a imagem do prédio
erguido com programada engenharia,
recebendo as resplandecentes luzes da aurora.
A constatação da construção humana
e a quase mística visão da criação divina
em todo o seu esplendor.
Vive a humanidade
a erguer as suas gaiolas douradas,
a produzir as suas prisões
de dogmas e convenções.
São poderosas muralhas de matéria
que na ilusão da essencialidade do cotidiano
aleijam a visão do espírito.
Uma poderosa roldana dentada
a mastigar brutalmente os
sonhos e ideais que profetizam a evolução.
É força que produz pedaços
daquilo que deveria ser o todo,
é método perverso de produção
de meias verdades.
É estruturação confusa
que desvia-nos da rota da verdade.
É eficiente adubo para
a árvore da ignorância.