Querendo Viver



Não absorve bem
a marcha miliciana do cotidiano.
Suas emoções mostram-se perturbadas,
acompanhadas
pelo bombardeio de pensamentos.
Sente esgotarem os próprios recursos,
sente necessidade
de recorrer a outrem.
Pensa em Deus,
gosta de Deus.
Tenta, então, uma oração,
maldita memória!
No momento,
não se lembra de nenhuma.
Porém, desperta-lhe
nisto uma esperança.
No consolo divino,
uma possibilidade de ser
algo mais que sua humanidade.
Um espírito, uma alma
além do corpo.
Um ser mais completo
daquilo que parece ser.
Melhor ainda,
quem sabe em outra dimensão,
quem sabe outros seres mais afins?
Desejo fraternal de afeto,
desejo filial da paternidade divina.
Algo novo. Água para quem tem sede.
No meio da madrugada
o esgotamento da apreciada filosofia,
em favor do recurso da fé,
o sentimento de religiosidade.
A inquietação do corpo.
Talvez tenha nascido
da falta de paz da alma.
O alívio, o remédio, o calmante,
talvez esteja em sentir
o afeto do Criador.
Talvez a criatura ainda ignore,
ou não tenha certeza
do amor divino.
E na esperança de recebê-lo,
retempere suas exauridas forças,
pois que, no momento,
apenas tem
uma única certeza:
de que amanhã
será um novo dia.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 26/06/2009
Reeditado em 16/02/2020
Código do texto: T1668328
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