A Árvore da Vida

Abandona-se a razão, 
ora liberto em prazer,
ora escravo da dor.
Nota alguns caminhos
que sente serem antigos,
entretanto,
não existe certeza,
existe o risco,
a insegurança
da suposta novidade,
do desvendar do oculto.
Sombras de predestinação,
luzes de certa convicção.
Busca companheiros de jornada,
procura tenazmente, 
busca a outra parte de seu coração,
a face complementar
para dividir sua íntima solidão.
Mas está só no desafio  
de trilhar por entre mistérios.
Talvez encontre múltiplas cores,
um sem número de oportunidades,
um portal entre o fenômeno físico
e sua interação com a alma.
Será um limiar entre a posse
e a renúncia que anucia a liberdade.
Quem sabe, ainda, que despojado de si
perceba nunca ter sido tão dono de si.
Descobrindo que o tempo é mera ilusão,
que, em algum lugar,
passado, presente e futuro
congregam-se num só instante.
Questionando em todo o seu ser,
o que é de fato realidade
e o que é mera ilusão...
E a dúvida levará
a momento onde a efemeridade
surgirá como se fosse real.
E então reaparece o presente
e o seu árido solo.
Mas agora a fé 
sobrepõe-se à dúvida 
e fertiliza a aridez
por inexplicável milagre.
E a terra abre-se
para receber
a semente fecundante.
E esta brota,
vencendo as dificuldades,
mostrando que até a força
é fragíl em seu nascimento
e que na limitação do efêmero,
há que haver tempo
para se maturar em árvore
e produzir os seus frutos.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 07/06/2009
Reeditado em 18/10/2019
Código do texto: T1636910
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