M A D R U G A D A

Era de madrugada e me veio a primeira lembrança do dia.

A lua não tinha se recolhido ainda e te esquecer eu não podia.

Ouvindo músicas sertanejas no rádio, tudo parecia com a gente.

A letra, o ritmo, combinando com a saudade da mulher ausente.

Olhando pro céu, eu ví uma estrêla solitária me olhando.

Perdido na beleza da madrugada, eu continuei em você pensando.

Ao descer para o meio das plantas eu dei de cara com o passado.

E tão triste eu te procurei mas não te encontrei ao meu lado.

Mas a lembrança está enfraquecendo, está passando.

E mesmo sentindo a tua falta, vou te esquecer, vivendo.

Seria bom estar contigo e aproveitar a nossa paixão.

Seria bom demais não ter acontecido essa separação.

Agora apareceu alguém na rua, não estou mais sozinho.

É hora de aceitar a realidade e seguir o meu caminho.

O dia passa, outro também, e eu não sei o que fazer.

Mas sempre que acordo é madrugada e eu não posso te esquecer.

Manaus, 11 de setembro de 1992.

Marcos Antonio Costa da Silva