partida

vivo partindo

vivo fragmentando-me

e me espalhando

por lugares distantes e

inóspitos

lá se vai a porta fechar

atrás de mim,

meus olhos ainda sentem a paisagem

meu rosto ainda reconhece a brisa

mas minha pressa e agonia

só conhecem o passar das horas

o silêncio inesgotável dos monges

vivo partindo

deixando rastros,

charadas indecifráveis

questionamentos que ecoam

pelo túnel do tempo

e faz tempo que desistiram de

responder

vivo partindo

arremessando-me ao infinito

ao desconhecido,

ao intangível

e sendo limitada e

minúscula nessa

profusão universal.

vivo partindo,

partindo-se

sem ter par no mundo,

sem ter ímpar no mundo,

sou um número que perambula

pelas estórias,

que atravessam portas

e chegam ao fim,

sem nenhuma trilha sonora.

partir sem deixar saudades,

sem deixar reticências

tudo foi dito,

e, o que não foi...

foi definitivamente

trancado dentro do tempo.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 14/05/2008
Reeditado em 14/05/2008
Código do texto: T988734
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