fim do dia
Deitei-me sobre as folhas secas que, do alto da copa das árvores, nos assistiram andar de mãos dadas na primavera... Olhei para o céu que, agora cheio de nuvens negras, um dia nos banhou de azul...
O sol que nos aquecia desapareceu no horizonte... e me deixou sozinho, em meio à escuridão da noite; e nem mesmo a lua, que numa noite me inspirou a te fazer as mais belas poesias, aparece para me consolar...
Por trás dessas nuvens escuras, estão as estrelas que antes formavam desenhos para nós interpretarmos... e você lembra de quantas vezes vimos os olhos um do outro naquelas estrelas? Talvez nem me ouvindo você esteja...
Agora seu rosto brilha nas lágrimas que caem de meus olhos... Minhas mãos já não se aquecem sem as tuas, e sozinho em um mundo tão grande eu sobrevivo em meio à morte...
Você lembra de todas as rosas que colhi nos jardins, tentando homenagear tua beleza? Agora elas enfeitam tua sepultura... E aos poucos elas secam, sem motivo para viver, sem você para dar-lhes vida...
Não mais me importa se escrevo em linhas tortas... não me interessa se as folhas rasgam e voam ao vento... não me dói a vida escapando entre meus dedos... Apenas anseio voltar a te ter ao meu lado...
Você se lembra do vento que um dia agitou nossos cabelos, e nos levou num vôo ao paraíso? ... agora ele me leva a você... me espere...