O SOMBRIO OLHAR DA CORUJA

Pelas nebulosas noites da cidade,

a coruja observa os corpos que vão vagando

sem direção, quase sem alma,

e que procuram um refúgio.

O grande vazio, que os afligem,

foi herdado: amor não correspondido.

Atrás dos galhos secos, a ave de rapina

se faz exuberante à luz da lua:

são refletidas suas esbeltas asas no chão,

asas que, vez por outra, sangram.

O vagaroso líquido escorre lentamente,

jorrando as últimas gotas da solidão.

O vento faz ranger os portões

e escuta-se o uivo de um cão abandonado.

Assim, sorrateiramente, o olhar sombrio da coruja

penetra na alma daquelees que inssitem em vagar,

quando poderiam se libertar da herança maldita:

o amor não correspondido.

JONAS AUGUSTO SILVA

ESCOLA LITERÁRIA CECÍLIA MEIRELES

Academia Betinense de Letras
Enviado por Academia Betinense de Letras em 10/05/2008
Código do texto: T983384