O SOMBRIO OLHAR DA CORUJA
Pelas nebulosas noites da cidade,
a coruja observa os corpos que vão vagando
sem direção, quase sem alma,
e que procuram um refúgio.
O grande vazio, que os afligem,
foi herdado: amor não correspondido.
Atrás dos galhos secos, a ave de rapina
se faz exuberante à luz da lua:
são refletidas suas esbeltas asas no chão,
asas que, vez por outra, sangram.
O vagaroso líquido escorre lentamente,
jorrando as últimas gotas da solidão.
O vento faz ranger os portões
e escuta-se o uivo de um cão abandonado.
Assim, sorrateiramente, o olhar sombrio da coruja
penetra na alma daquelees que inssitem em vagar,
quando poderiam se libertar da herança maldita:
o amor não correspondido.
JONAS AUGUSTO SILVA
ESCOLA LITERÁRIA CECÍLIA MEIRELES