Mar de signos

acordo num mar de signos

sufocada por mil símbolos que invadem

minha retina já torta

acordo em semânticas

que imperam por serem subrreptícias,

disfarsadas,

hipócritas.

E, por fingirem não ser...

Acabam saindo ilesas

de um julgamento

real.

visto todos os dias signos coloridos

em forma de trapos

que combinam entre si,

que tramam entre si,

em pleno baile esquizóide

de máscaras e segredos.

Sob as máscaras e fantasias

jazem esqueletos desprovidos

de vida, e profundamente

putrefatos.

Há signos ainda escondidos

dentro de minha bolsa,

dentro de minhas palavras,

pausas e olhares.

Há um signo aterrorizante

nas chaves que teimo em perder,

no tilintar sem-graça

que nos meus bolsos tentam me apontar

uma porta para abrir.

Mas a porta só se abre com

palavras mágicas,

e,os signos só se revelam aos

sábios e,

eu

sou apenas esforçada e

frêmita

por tentar ler o simplesmente

ilegível,

por tentar entender o que não é

inteligível,

por tentar decifrar

a tradução completa desse

mar de signos

caudaloso mar,

espreitando novos símbolos,

novos gestos,

novos paradigmas

a desafiar todos os dias

a possibilidade de sobrevivência.

Um dia entenderei que todos esses signos

eram apenas vestígios,

e que ser escorpião

nem é tão perigoso assim,

a não ser pela minha ansiedade

de ler de manhã o horóscopo.

de ler a alma alheia

como se fosse um jornal

em busca de notícias humanas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/05/2008
Reeditado em 09/05/2008
Código do texto: T981440
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