Mar de signos
acordo num mar de signos
sufocada por mil símbolos que invadem
minha retina já torta
acordo em semânticas
que imperam por serem subrreptícias,
disfarsadas,
hipócritas.
E, por fingirem não ser...
Acabam saindo ilesas
de um julgamento
real.
visto todos os dias signos coloridos
em forma de trapos
que combinam entre si,
que tramam entre si,
em pleno baile esquizóide
de máscaras e segredos.
Sob as máscaras e fantasias
jazem esqueletos desprovidos
de vida, e profundamente
putrefatos.
Há signos ainda escondidos
dentro de minha bolsa,
dentro de minhas palavras,
pausas e olhares.
Há um signo aterrorizante
nas chaves que teimo em perder,
no tilintar sem-graça
que nos meus bolsos tentam me apontar
uma porta para abrir.
Mas a porta só se abre com
palavras mágicas,
e,os signos só se revelam aos
sábios e,
eu
sou apenas esforçada e
frêmita
por tentar ler o simplesmente
ilegível,
por tentar entender o que não é
inteligível,
por tentar decifrar
a tradução completa desse
mar de signos
caudaloso mar,
espreitando novos símbolos,
novos gestos,
novos paradigmas
a desafiar todos os dias
a possibilidade de sobrevivência.
Um dia entenderei que todos esses signos
eram apenas vestígios,
e que ser escorpião
nem é tão perigoso assim,
a não ser pela minha ansiedade
de ler de manhã o horóscopo.
de ler a alma alheia
como se fosse um jornal
em busca de notícias humanas.