QUANDO DE CAI



Dentro de um momento
perturbador e pertinaz
o que era próximo fez-se distante
e escuro como bruma,
opaco como sombra
de coisas nenhuma.
No meu momento de desesperança
e de áspero sonho,
eu vi agigantar-se,
tornar-se medonho,
o que antes eu escondia
na palma da minha mão.
Passou o trem de ferro ferrando tudo,
quebro o meu escudo
de soldado bravo, varonil,
e se foi ligeiro como uma serpente,
deslisando entre as montanhas
que outrora, me aprazia contemplar,
embriagado de prazer.
Estou caído no caminho,
experimentando o ronçar do espinho
na pele macia da minha alma aflita,
que grita,
que se agita,
que geme
e treme
nos braços torvos do frio.
Estou jogado na calçada da vida,
como cão lambendo a ferida.
Estou perto do sonhar
e longe dos sonhos,
ruminando as conquistas alcaçadas-
-único consolo para as mais desejadas!
Restou-me apenas a borra!
Borra escaldante de vulcão
como tártaro no meu coração.
Borra voraz que mata flores,
que enraiza dores,
que enforca sonhos,
que sofoca ideais...
Borra maldita que borra e esconde a vida
nos recôditos do nunca mais!



luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 04/05/2008
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