VIDA DE UM ILUSTRE DESCONHECIDO

Nasci torto sem estribas certas,

A galope a minha vida se transformou em um antiquário,

Sou uma peça da coleção,

Assim como os objetos apenas decoro,

Ilustro a vitrine,

Mostro aos tranzumantes como a vida pode ser interessante,

No ultimo mês perdi o meu status para um abajur,

Ta certo que não era qualquer abajur, tinha uma luminária com pedras,

Não dava para se saber qual seria o valor das pedras,

Mas com certeza era maior que o meu,

Não fui mais necessário e posto agora no alçapão,

Faço companhia para as aranhas e para os ratos,

Uma das aranhas até fez uma teia em mim,

Foi quando eu descobri a minha vocação,

Estava me sentindo útil pela primeira vez na vida,

Já não era mais apenas decoração, agora participava da vida,

De uma família de aranha!

Essa era a minha verdadeira família,

Não a que eu escolhi, mas sim a que me escolheu,

Ela me acolheu e mostrou que a utilidade das coisas...

Está além da admiração ou reconhecimento externo,

E está portanto no afeto despendido entre os seres.

Daniel CS
Enviado por Daniel CS em 24/04/2008
Reeditado em 30/04/2008
Código do texto: T960280