Água eu
Minha mente entorpece
com essa chuva
que cai tristemente.
Um lamento sem nenhuma graça.
Esta noite me alcança,
me reanima forças
que o mundo me negou
em duas décadas
de subordinação.
Sou como essa chuva,
mórbida e fria.
Também escorro vazio
quando a vida
me mostra de longe
um sorriso hostíl.
Me suaviso na relva,
me solidifico nos seres e coisas.
O estado gasoso me eleva.
Também desabo estrondoso
na hora da vingança.
E ainda chove...
E ainda vivo...?