GELO DA SOLIDÃO

Paira um manto de suspiros

Prolongados por uma angustia

A alegria que me viciou outrora

Neste momento é um palácio em ruínas

Onde pássaros sem asas

Fazem ninhos de espinhos

E o tempo decadente atalha as rugas

Que rubricam a minha tristeza

As minhas horas que já não conto

São de Inverno rigoroso

Aqueço a alma no gelo da solidão

Com um calor mórbido

São múltiplos tesouros por descobrir

E eu tento escapar ao peso da pedra

Que me sepulta nesta cova

Tão escura quão recheada de nada

Envolto por muralhas de batalhas

Embandeiradas de luto e revestidas

De lágrimas que festejam a minha derrota

Sou aposta de um sonho

Que é carta fora do baralho

A vida preza-me veneno puro

Meu choro é um grito sinistro

Atormentando até as serpentes

Que rastejam nos meus desejos

Mas não consigo morrer para a vida