morador de rua

Morador de Rua

Sou morador de rua abandonado pela sociedade

Durmo pelas calçadas, mas tenho dignidade.

Como de tudo que sobra e não sou alimentado

Sinto frio e solidão, mas meu espírito é honrado.

As pessoas passam e finge não me enxergar

Todas apressadas para no seu trabalho chegar

Voltam da sua lida para o seio da família querida

Não vêem o mal trapilho que precisa de guarida

Já fui trabalhador homem de grande utilidade

Com uma família bonita integrada a sociedade

Mas o destino cruel me pôs esta prova inesperada

Perdi tudo que tinha e meu palácio é esta calçada

Passei por muitos mendigos não lhes dava um tostão

Não imaginava que podemos passar à mesma situação

Apressado para o escritório para os processos reler

Não esperava naquela calçada minha historia escrever

O terno importado por trapos foi substituído

Por uma decisão errada vi meu sonho ser destruído

Fui abandonado por todos que diziam me amarem

A doença do álcool fez todos de mim se afastarem

Os perigos das ruas meu comportamento fez mudar

Crimes roubos e extorsões tive que presenciar

Desci ao mais baixo degrau da vida para tudo aprender

Sou morador de rua, mas luto para a miséria vencer.

Meu cobertor importado da lã fina de Portugal

No frio das ruas foi substituído por folha de jornal

A perfumada cama com lençóis macios de algodão

Deram lugar á este gelado solo que é hoje meu colchão.

As taças de vinhos finos que me traziam para beber

Hoje são as latinhas, que do lixo cato para vender.

As pessoas se cumprimentam como grandes amigos

E me olham de soslaio, pois sou mais um desconhecido.

Ao ler estes versos reais não fique com raiva de mim

Pois saibam que tudo na vida tem seu inicio meio e fim.

Hoje sou um mendigo que um dia sonha ser um doutor

Lutarei com toda garra, quem sabe serei escritor.

O mundo da muitas voltas não adianta lamentação

Procurarei minha família e lhes pedirei perdão

Sonhar é o alimento que o homem precisa comer

Pois só será desvanecido se você não deixa-lo morrer.

História igual a minha no mundo irá se repetir

Alguns vencerão e os mais fracos vão combalir

Sou morador de rua, mas não escravo do pecado.

Combati o bom combate e venci como bom soldado.

Artonilson Macedo Bezerra

ARTONILSON MACEDO BEZERRA
Enviado por ARTONILSON MACEDO BEZERRA em 14/04/2008
Código do texto: T946032
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