MOLDURA
Meus olhos não espelham idade
porque ainda sou menina
assim como um retrato de criança
em moldura antiga.
Tenho o tempo da alegria
num corpo que quer ser triste.
Mas sou bela na moldura.
Tenho o fogo dos vinte anos
num corpo que quer ser frio.
Não importa, eu me aqueço de sonhos...
Alongo meus olhos pelos espaços abertos
a buscar, talvez, ilusões perdidas.
São olhos compridos de espera
por coisas que não vêem mais.
Parte-se a vida em duas partes
sem chance de juntar-se mais.
Nem sei porque escrevo estes apartes
se o som da voz de quem grita
é jamais...