MOLDURA

Meus olhos não espelham idade

porque ainda sou menina

assim como um retrato de criança

em moldura antiga.

Tenho o tempo da alegria

num corpo que quer ser triste.

Mas sou bela na moldura.

Tenho o fogo dos vinte anos

num corpo que quer ser frio.

Não importa, eu me aqueço de sonhos...

Alongo meus olhos pelos espaços abertos

a buscar, talvez, ilusões perdidas.

São olhos compridos de espera

por coisas que não vêem mais.

Parte-se a vida em duas partes

sem chance de juntar-se mais.

Nem sei porque escrevo estes apartes

se o som da voz de quem grita

é jamais...

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 01/04/2008
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