O PASSAGEIRO DAS SOMBRAS

Conheço um certo homem que acena todo dia para si

Lá de longe ele avista a incerteza que compõe o seu traçado

Quanto mais bebe o mar de suas lágrimas, mais nele acha-se a submergir

Esse homem é uma esperança perdida n'algum lugar do passado!

Trilhas de confetes mudos não norteiam sua bússola interior

Ele se cala diante das vozes que insultam suas veias transbordantes

Bate palmas nas portas do teatro, que seu riso não encenou

Esse homem pisa no universo com pensamentos esvoaçantes!

Todos pintam seu retrato e na arte final, uma caricatura;

Seu olhar é uma ópera com afã de jazz e apelo de tango

A cada dez metros a crescer, ele torna-se agigantada miniatura

Um nadador das estiagens, um velocista manco!

O homem que conheço faz as malas, porque mora em suas fugas

Até hoje nenhum beijo fez carinho na face pálida de sua solidão

Não se vê seus desesperos, pois os guarda sob as rugas

Enquanto adormecem os indiferentes, ele caminha pela escuridão!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 28/03/2008
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T920217
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