REFÚGIO

A arte é um refúgio lídimo da humanidade,

Como um templo que acolhe todo coração:

É toda imensidão do próprio amor que invade

Toda a nossa alma, em sonhos que se vão...

E quando a solidão vier fazer morada

Em cada verso simples de tristeza, apenas,

Sejamos como o vento de uma fé que brada

Toda a tempestade de emoções, centenas !

Pois nas dimensões de cada breve vida,

Muitos sentimentos percorrem nossa mente,

No ar incongruente que o tempo te elucida,

Sonho que abriga o caminhar da gente !

Não há, portanto, perfeição na história,

Lenda e glória só nos trazem ilusão,

O que há na matéria, frágil e tão simplória,

Que não seja efêmero na solidão ?

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"Versos! Versos! Sei lá o que são versos…

Pedaços de sorriso, branca espuma,

Gargalhadas de luz. cantos dispersos,

Ou pétalas que caem uma a uma."

Florbela Espanca (1894 - 1930)