Parede
Cada canto da parede
Parece-me um universo particular;
Cercando-me em seus braços;
Longos e esguios.
Insiste em sufocar-me,
Deitar-me encolhido.
A parede branca não tem cara.
Tem a cara do mundo,
Com várias luzes
Luzindo um prisma de cores;
Colorindo seus lados.
Sem cuidado,
Recosto-me em seu dorso
E encontro-me cercado,
Sem ter pra onde ir.
Quero fugir,
Mas a porta se tranca.
Cada porta é a fuga de mim;
E a solidez do seu corpo
Fica, mais um dia,
Sofrendo a angústia da indecisão;
Tentando aplacar minha prisão.