como de hábito

sei que você pensou

que o seu quarto fosse

um laboratório de palavras

e que toda vez que chegasse

tarde da noite em casa,

mesmo com sono,

teria o que escrever

até que um dia

você disse apenas:

ai! ai! ai! ai! ai!

e ninguém,

como de hábito,

o ouviu

somente as paredes,

como de hábito,

o acudiram:

calma! calma! querido

isso passa

é só esquecer de tudo

o que você escreveu!

Rio, 28/02/2008