As mãos do silêncio

As Mãos das Sombras e do Silêncio

A noite vai tão longa agora

Sinto como se o tempo não passasse,

Numa calmaria sem chuva

Nem nada que entre os túmulos andasse;

Um silêncio sem graves sons de outrora

Sem bater de asas ou respiração

Numa neblina que em mente turva

Toda a paisagem da introspecção.

Como uma figura realmente distante

Que escondesse em si todo um segredo

Com ares frios de uma lasciva cortante

De quem caminha à noite no denso arvoredo;

Um mistério que dos olhos é desconhecido

Onde obtusos dedos tentam incessantes tocar

Em tudo aquilo que passa longe, despercebido...

Como um atalho que alonga a viajem,

Como no sol o ímpeto de uma miragem

Para as ânsias do viajante salvar...

Eu ouvi nesse silencio uma resposta;

Como no sono dos vitoriosos, o sono sem volta,

Sinto essas mãos me aconchegarem

Trazendo a mim tudo o que elas ocultam

E jamais, enquanto escuro, há de me negarem,

Pois como a chama queimo na revolta

Aumentando em silencio a sombra que segue

Aviventando os males que na insânia avultam

Tudo o que a treva vil persegue...

Dentro de uma masmorra sedimentada

Onde falsos reis prantearam sua desonra,

E renegados onde sua sede tivera alimentada

Ao lúgubre sangue de quem não teve honra.

É assim que essas mãos hostis me acolhem

Tirando e dando o pranto pra quem escolhem,

São essas mãos que constroem e destroem

Que eu jamais deveria ter abandonado.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 24/02/2008
Reeditado em 18/04/2009
Código do texto: T874426
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