Alheia

Sinto-me alheia,

avessa

ao trem que passa

ruas vazias,

carros, buzinas.

Nada importa:

o olhar distante

diluído na chuva.

Respiro:

fumaça,

solidão.

Respiro

vida às avessas

alheia ao que se passa.

Sinto-me

como pássaro sem dono

gato molhado,

paixão a primeira vista.

Meu diário de bordo

revela

um homem secreto

e em versos escrevo,

quando ele parte,

esvaindo-se na cidade nua,

louca e crua.

(Meu coração cigano em pedaços).

E nada mais importa,

os latidos,

o amanhã que não chega:

rastros.

Nos compassos da vida

vou seguindo

sem nada dizer a ninguém

o amor que me habita

guia meus passos

ilumina,

dissolve-se em pétalas.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 20/02/2008
Reeditado em 20/02/2008
Código do texto: T867574
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