A FLOR E O PÂNICO
Na mesa os papéis diurnos
os ecos da cidade
se esvaindo nas paredes.
O cigarro solidário
café e ao lado um corpo
feito à imagem e semelhança.
A dor mal-adiada
o fogo dos quadris
a sanha da loucura.
A solidão das vísceras.
A flor da indiferença
tecendo a madrugada.
Depois, o mar da música
atroz como uma estrela.
Do livro ESPELHOS EM FUGA, Editora Objetiva, 1989.