EU E MEUS VERSOS
Quando meus versos me acham, somos apresentados ao medo
De que talvez eu seja pouco e já não lhe inspire
De que talvez já seja tarde para um encontro tão cedo
Eu e meus versos emprestamos o ar para que minha vida respire!
Eles são flores que brotam nas fendas das rochas
São a seiva que abandonou o tronco e desliza nas brechas
Calam meu eco sombrio no sussurro de suas tochas
Encontram todos os meus alvos na viajem de suas flexas!
Eu sou o deserto com vontade de conhecer o mar
A visão de cada íntima entranha do meu exterior
Um tapa no passado, que tanto me dói lembrar
O beijo na mão de um destino que somente a mim causa horror!
Meus versos são meus amigos, porque não falam
Tantas vezes eu gritei, que já nem gosto mais de ouvir
Neles eu traduzo as tantas sentenças que me entalam
Meus versos são a única vaidade, que até hoje me permití!