Sem aviso lateja
o ponto crucial da dor:
o Eu ferido
foi atingido mortalmente
pela indiferença
corteja a carne
descarna a alma
deixa à mostra a querença
sem dó passeia pela solidão
maldita ilusão
viva até a última fibra
brotada dos porões do ser
lágrimas deitam-se
sem demora
do EU
lavam as sombras estéreis
sulcam disformes mágoas
num pedaço branco da alma
cruza um silencioso morador:
o afeto
caloroso tece o fraco sossego
imobiliza a puta dor
que não quer nem saber de ir embora
joga-a a um canto
faz adormecer
o cansado EU.