Sem aviso lateja
o ponto crucial da dor:
o Eu ferido

foi atingido mortalmente
pela indiferença

corteja a carne
descarna a alma

deixa à mostra a querença
sem dó passeia pela solidão

maldita ilusão
viva até a última fibra
brotada dos porões do ser

lágrimas deitam-se
sem demora
do EU

lavam as sombras estéreis
sulcam disformes mágoas

num pedaço branco da alma
cruza um  silencioso morador:
o afeto

caloroso tece o fraco sossego
imobiliza a puta dor
que não quer nem saber de ir embora

 

joga-a a um canto
faz adormecer
o cansado EU.


 

 

 

 

 

 

Soninha Porto Flor
Enviado por Soninha Porto Flor em 13/02/2008
Reeditado em 11/05/2020
Código do texto: T857951
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.