A SOLIDÃO DOS SINOS
Entro no meu templo...
descubro o rosto.
Ainda reconheço esses meus olhos
que se erguem aos céus,
ao infinito,
para esperar um sol
que é só um meu delito?
Um fio d'água passa cantando
por entre um olhar e outro.
E o sineiro vai ocupar seu posto.
A noite não lhe é cruel.
A música que vai tangir
ergue-o, leve, até o céu.
E os meus ouvidos parecem
de repente, despertar
de um longo sono.
Já não sou mais eu na solidão
da treva imensa.
Ajoelho-me diante dessa sublimidade.
Dobro, como os sinos,
o meu corpo em direção à lua,
e nossa melodia faz despertar
uma presença... e a claridade.