A SOLIDÃO DOS SINOS




Entro no meu templo...
descubro o rosto.
Ainda reconheço esses meus olhos
que se erguem aos céus,
ao infinito,
para esperar um sol
que é só um meu delito?

Um fio d'água passa cantando
por entre um olhar e outro.
E o sineiro vai ocupar seu posto.

A noite não lhe é cruel.
A música que vai tangir
ergue-o, leve, até o céu.
E os meus ouvidos parecem
de repente, despertar 
de um longo sono.

Já não sou mais eu na solidão
da treva imensa. 
Ajoelho-me diante dessa sublimidade.
Dobro, como os sinos,
o meu corpo em direção à lua,
e nossa melodia faz despertar 
uma presença... e a claridade.






Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 11/02/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T854524
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