Poesia na Gaveta
(Estrada Humana – Otávio Costa)
Entre guardados
Tantos sonhos feitos
Tantos sonhos esperados
Não seguiram o mesmo caminho
Separaram-se de mim
Todos sufocados
Na gaveta muitos lápis coloridos
Agendas usadíssimas e diários
Onde programei compromissos
Sem muita importância
Ou coloquei receitas para que as segundas
Fossem alegres e menos agressivas
Que os domingos de solidão
Encontrei também velhos processos
Chaves que não abrem mais portas
Projetos que não satisfazem mais
Velhas cartas
Fotografias com sorrisos verdadeiros
Amores apropriados para a época
Pequenos presentes de Amigos (as)
Que se foram para sempre...
Para sempre é pesado para mim
É uma dor mortal
I n s u p o r t á v e l
Perco a força da vida assim
Na mistura do destino fico entalado
Sem saída
E hoje envolto com minha gaveta
Pergunto-me pelo gosto da felicidade.