Poesia na Gaveta

(Estrada Humana – Otávio Costa)

Entre guardados

Tantos sonhos feitos

Tantos sonhos esperados

Não seguiram o mesmo caminho

Separaram-se de mim

Todos sufocados

Na gaveta muitos lápis coloridos

Agendas usadíssimas e diários

Onde programei compromissos

Sem muita importância

Ou coloquei receitas para que as segundas

Fossem alegres e menos agressivas

Que os domingos de solidão

Encontrei também velhos processos

Chaves que não abrem mais portas

Projetos que não satisfazem mais

Velhas cartas

Fotografias com sorrisos verdadeiros

Amores apropriados para a época

Pequenos presentes de Amigos (as)

Que se foram para sempre...

Para sempre é pesado para mim

É uma dor mortal

I n s u p o r t á v e l

Perco a força da vida assim

Na mistura do destino fico entalado

Sem saída

E hoje envolto com minha gaveta

Pergunto-me pelo gosto da felicidade.

Estrada Humana
Enviado por Estrada Humana em 05/02/2008
Reeditado em 05/02/2008
Código do texto: T847341
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