mundo real
no mundo real
as formas e cores
são desengonçadas, não combinam
não há tanta estética
as palavras aparecem picadas
em sílabas,
as sílabas ecoam por fonemas
e, os gritos expressam pungentes
aquilo que não temos corgem de dizer
são ecos de dores escondidas
no mundo real
o cinza é parente do preto,
ausência de luz e treva
o vermelhoe é da família do sangue,
das guerras e crueldades masoquistas
e o azul é um pedaço de céu
caído em nossa imaginação.
O sol faz secar a chuva bastarda
e penduramos em cabides
velhas dúvidas que se vestem de interrogações
em dias especiais
E, em dia de festa, vestem exclamações
Cada personagem em cada armário,
em cada perfume, em cada tom de batom
há fórmula secreta de beijo
em cada gota de suro
há resquício de sal do mar,
há a presença de marcas provisórias
de ser e envelhecer
a vaidade e ambição pretendem a eternidade
e cobiçam ser simples
mas no mundo real
no surreal do cotidiano
jogado na sarjeta das afeições,
enlouquece silenciosamente o
bom-senso e
sepulta todos os pássaros
encarcerados em suas pequenas primaveras.