A xícara de café
Minha xícara de café
Tornou-se minha fiel companheira
Em dias de má-fé,
Ela lembra-me de ser minha fiel escudeira.
Sinto o aroma,
E, quando percebo estar só,
O aroma sopra à minha alma como uma bruma,
Inebriando todos os meus sentidos.
Neste misto de sensações,
Encontro minha companhia.
Em meio aos turbilhões,
Agradeço por ser minha estadia.
Há quanto tempo clamei
Que as vozes parassem...
Entre o barulho incessante, indaguei:
Qual o momento dos gritos passarem?
O meu grito sempre foi por socorro.
Cale a boca, todo o barulho externo!
Só eu sinto o meu pavor,
Então, não disfarce as críticas como amor fraterno.
Os conselhos mentirosos
Fizeram-me perder neste labirinto
De caminhos emaranhados,
Afastando-me do meu eu verdadeiro.
Insisto em provar, lutar,
Construir minha própria fortaleza
Contra aquele que ameaçar
Entrar sem bater na porta e sem destreza.
Não, não admito a visita de estranhos.
Pegue uma cadeira, sente-se e comece a falar:
Quais seus ideais abstratos?
Posso me permitir escutar.
Assim, convido à minha solidão:
Venha ser sozinho(a) comigo.
Não irei preencher sua escuridão,
Porém, pode tornar-se um amigo.
Então, meu caro amigo,
Seja bem-vindo ao grupo dos solitários.
Compartilhe tudo o que puder comigo
E, assim, formaremos novos mundos.
O mundo é dos sozinhos.
Com minha xícara de café,
Percebo meus sonhos utópicos
Se emaranhando num ato de fé.
Quanto medo senti de tal momento
Para cair, finalmente, num ato de boa-fé,
Que fora sempre meu instinto:
Ser só, junto a uma xícara de café.