O intangível.

A voz que se vai no vento

Um flash sobre um momento

Eu pensei que seria eterno

Cai no eterno esquecimento

Um canto qualquer

Quisera, fosse uma prece

Voasse, feito a voz que ecoa

Mas a ventania, o vento

Algo sempre gira em torno

Nada se move à toa

A voz, que era boa, orbita

Se desfaz, se desfacela

A discórdia, a batalha, a procela

A voz que foi tão suave

Ela grita, ela se afasta

O tempo, ser inconstante

Ora corre, ora se arrasta

E tudo, igual a tudo

Sempre se desfaz

Não há nada de novo

Sob o teto e dentro

Desses pobres corações inquietos

Olhos que enxergam os olhares aflitos

E nada é eterno novamente

E tudo, de novo, é grave

Corre o mundo imaginário

e vai morrer

Atrás da primeira colina que houver

Enquanto esse universo era tão vasto

As vozes livres se arrastam

Se afastam

Repelem-se, odeiam-se

Podando suas próprias asas

O caminho da leveza

Esse, inadimitido

A voz que se fez tão grave

Ruído indesejado e sem sentido

Mais pesado que a brisa

A leveza inexata, imprecisa

Que a voz mais doce desse mundo

Ainda precisa

Pra alcançar alguma coisa

Feita de outra coisa, essa feita

Da perfeita perfeição

Não se pode ver refeita

Flutuando um tanto

Um patamar acima

das palavras perdidas

Num canto qualquer

Deste vasto universo.

Edson Ricardo Paiva.