Ventos solitários
Caminhava pelos vãos,
Frio nas minhas mãos.
Sozinha em meu destino,
Os raios, meu caminho.
Não sabia me dividir
Entre gotas, rojões e trovoadas,
Eram sons entrelaçados,
Enquanto a alma, a produzir.
Vou avançando com medo,
Por mais que pareça cedo,
Sinto-me tão escura,
Como um menino de alma pura.
As águas vão limpando,
O chão se esvai, escorrendo.
Fico a observar, assustada,
Lágrimas em profundidade.
Vou seguindo pelo molhado,
Tudo escorre em frio,
Os ventos solitários assoviam,
Sou eu, perdida no vazio.
As folhas vão descendo,
Em meu corpo, se envolvendo.
Seriam minhas companheiras
Se não estivessem mortas à beira.
Deixa-me sozinha,
Com os ventos solitários,
Em meu caminho.