AMOR NARCISISTA
Espelho, espelho meu,
no reflexo quem sou eu?
Vejo formas, vejo traços,
me perco em meus próprios braços.
É doce a sombra do meu brilho,
em mim, encontro o andarilho,
que vaga em círculos, busca e volta,
como um enigma que não se solta.
Sigo em mim, entre o tudo e o nada,
num labirinto, porta trancada.
Amo a figura, o corpo, a forma,
sou eu quem me acolhe, sou eu
quem me conforma.
Beijo meu rosto em silêncio profundo,
num abraço que exclui o mundo,
pois neste amor que me envolve inteiro,
sou amante, o amado, o verdadeiro.
No fim resta a imagem, a mesma partida,
o vazio do amor que se aninha na vida,
onde o espelho se quebra,
em cacos persiste,
o eco mudo de um amor narcisista.