Em memória de Nietzsche
Ó herói errante, que entrelaças
em tua pena o mundo que habitas,
não és apenas o poeta ou o sábio,
mas o próprio verso que cravas no tempo,
teu nome, tua imagem, teu sangue esculpidos
na rocha dos séculos, na carne das ideias.
Tu que entraste no tempo, solitário,
como uma estrela a desbravar a noite,
erguendo em palavras a tua filosofia,
não mais homem, não só autor, mas parte
do pensamento, raiz e fruto
da árvore eterna do saber.
Que a terra esquecida seja tua,
fantasma das eras, autor e personagem,
habitando a memória de quem ousar
a trilha de tua jornada,
sofrendo e encantando no mesmo silêncio
onde te fizeste eterno — na tua própria solidão.