No abismo da dor
No silêncio vazio da noite sombria,
Caminho sem rumo, perdido em agonia.
Cada passo que dou, mais distante do fim,
Em um mar de lamentos, afogo-me em mim.
A solidão é um grito que ninguém ouve,
Um eco de dor que na mente se move.
São as lágrimas frias que a alma derrama,
Num fogo que arde, mas nunca inflama.
Os dias se arrastam, se tornam prisões,
E a tortura é o peso das próprias ilusões.
Como punhais cravados no peito a sangrar,
Os sonhos desfeitos não param de gritar.
Cada lembrança é um golpe, um açoite,
Que rasga a carne no escuro da noite.
E o coração, tão frágil, se parte outra vez,
Num ciclo de dor que nunca se desfez.
Assim sigo só, preso em meus ais,
Sem ver horizonte, sem ter nunca mais
Um alento, um abraço, uma voz para ouvir,
Neste inferno que é meu, onde não há de existir.
Somente a sombra de um eu que se perdeu,
Num abismo profundo que a vida esqueceu.