A sombra do juízo

Eu penso que

Estou me perdendo nas sombras.

Eu penso que

Estou a perder o juízo,

Por um ser

Que apenas surge na escuridão.

Era manhã,

E o cinza atravessava minh’alma.

Entre a água quente

E os meus pedaços ardentes,

Eu aguardava por

Um ato teu, tão simples,

E então, no fundo,

Veio o vazio,

Vestido e preparado

Em pretas cores.

Minha boca secava,

Como um rio que se apagava.

Meu fôlego apertava

A cada passo pelo seco,

E minha mente alimentava-se

De pesadelos.

Eu penso que

Estou perdida na garoa.

Eu penso que

Estou a perder o juízo,

Por um ser

Que só vejo nas neblinas.

Onde estou indo?

Sou como um carro desgovernado,

Correndo pela serra alta,

A um passo de cair

Pela ribanceira.

Preciso controlar

O volante à minha frente.

A estrada chove,

O risco aumenta,

Nas terras encharcadas.

Eu penso que

Estou perdida entre árvores.

Eu penso que

Estou a perder o juízo,

Por um ser

Que só aparece entre os galhos.

Eu não quero perdê-lo,

Mas também não quero me perder.

Trancá-lo no calabouço,

E lançar a chave no vazio.

Preciso ser forte,

Erguer minha fortaleza,

E então, quem sabe,

Ouvir tua voz de saudade.

Felipe Mattos e Anastásia
Enviado por Felipe Mattos em 29/09/2024
Código do texto: T8162825
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