Amarga solidão

Me sufoca o pensamento taciturno,

que arrebata de mim o sono noturno,

trazendo um desejo desesperado,

do pecado que comigo, ainda acordado,

vai ouvindo o vento em seu sórdido gemido,

e na noite vou pensando apetecido.

Que todo mal, lá fora vai me levar,

colocando-me sempre no mesmo bar;

aquele cheiro misturado e enfadonho,

a garçonete a sorrir, é quase um sonho,

misturando a espuma da cerveja quente;

a um canto largado, solitário, um cliente.

Ainda acordado por uma força estranha,

vou seguindo a voz do mal que me acompanha,

pela rua silenciosa sendo empurrado,

quando percebo, estou no bar, já sentado,

e a garçonete ao meu lado, já sorrindo,

como de costume, a garrafa vai abrindo.

E eu me entrego ao vício que a solidão,

me convida, e sobre a vida a servidão,

que no abandono, te isola e assim te abriga;

e que a dor silenciosa sempre castiga,

ao devaneio etílico, querendo esquecer,

que vivendo vai um verme a esmorecer.

Quando no horizonte começa o dia,

vejo a garçonete que ainda me sorria,

percebo que em seu colo suave dormia,

suas caricias não são frutos da paixão,

mas de uma alma que por mim tem compaixão.

Volto à casa pela porta solidão.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 22/09/2024
Código do texto: T8157278
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