O Pendurado
Solidão traiçoeira
É com um vinho bom, com uma música boa
A sensação quente no corpo
No rosto, no cinema
É a hipótese absurda
De império dentro de um império
Enquanto faço caracóis na minha cabeça
E os bobocas escapam por entre os dedos
E os mundos escorrem dos lábios
Feito chocolate quente
As palavras que nunca foram ditas
Apressam-se em me vexar
Por poder ter medo, por ter coragem
Por ter estômago, entranhas, coração
Por ter desejo e por ter saudades
Quanta bobagem fiz ao negar que não amo
Deveria ter ficado menos
Apenas um poema curto
E coberto meus pés frios na cama
E, no vazio, com barriga cheia de sonhos
Sumo na obscuridade do dia
A filosofia precisa imaginar-se feliz
E quando minha alma se reparte em duas
No abismo... eu posso voar