Áspero
Áspero e insolúvel prende-se.
Cada tentativa esqueço-me que talvez não quisesse mais tais lembranças;
Mas é momento? É hora? Por favor,
só por um momento, um segundo.
Corrói e enfraquece esta letra tua,
Alcança m’alma com uma cega navalha
E faz-me usufruir tristemente
O ardor inodoro, pouco percebido
Que cessa meu ar e inquieta meu coração
Seja o que não penso,
E pense que nunca mais em mim viverá.
Outra tentativa de esquecer o que nunca quis,
Sim, outras tentativas
de não se lembrar do que fujo por buscar.
Desse metal aluído, ríspido.
Áspero que não se pode mais tocar.