Silêncio Invisível

Na dança silenciosa dos dias,

Caminhamos lado a lado,

Olhos fixos na rotina,

Mãos ocupadas, corações distantes.

Pais, filhos, amigos,

Todos peças de um quebra-cabeça invisível,

Cujos contornos esquecemos de traçar,

De reconhecer, de amar.

Há um vazio que ecoa nas palavras não ditas,

Nos gestos que nunca se concretizam,

Enquanto os olhares se cruzam,

Mas nunca se encontram de verdade.

Ficamos presos na roda-viva do tempo,

Movendo-nos como sombras,

Onde o carinho se torna um eco distante,

E a gratidão, uma lembrança esquecida.

Nas lacunas que deixamos,

Cresce a tristeza silenciosa,

Dos que aguardam um sorriso,

Um toque, uma palavra que nunca vem.

O que nos custa reconhecer?

Um simples "obrigado,"

Um olhar que diz "eu vejo você,"

Um gesto que resgata a humanidade perdida?

Mas o silêncio permanece,

E as pessoas passam como fantasmas,

Anseios não atendidos,

Afetos que murcham no frio da indiferença.

E assim, seguimos em frente,

Deixando para amanhã o que deveria ser hoje,

Esquecendo que o tempo não espera,

Que o amor não floresce no vazio.

É preciso romper o ciclo,

Estender a mão, abrir o coração,

Antes que seja tarde,

Antes que a ausência se torne permanente.

Pois um dia, quando o silêncio for tudo o que restar,

Perceberemos que a falta de reconhecimento

Foi o peso que carregamos em nossas almas,

E que as palavras não ditas

Serão nossas únicas companheiras na escuridão.

Nêrilda Lourenço
Enviado por Nêrilda Lourenço em 16/08/2024
Código do texto: T8130556
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