OFICINA DO MÊDO

Tudo que na vida há a bondade empresta,

ao coração cigano de todos os caminhos.

No coração há um outro coração de espinhos,

cheio de amor em sua última festa.

E segue dilacerado, onde so o medo lhe resta,

gota por gota pingue o teu fraternal carinho.

Que por mais acompanhado te sintas sozinho,

tua alma atravessará a saudade na mesma festa.

Mas, o guerreiro que viu a morte de perto,

no afã do amor, da sanidade e da loucura,

não pode tombar sangrando de dor e de crendice.

Chora, que o choro é o rio do teu deserto,

no momento sagrado da tua sede de ternura

cravado como um punhal na tua velhice.