ABISMO DO EU
Entre o céu e a terra,
onde a realidade se dissolve
e a fantasia se entrelaça,
eu flutuo, um espectro
à beira de um abismo profundo.
No espelho do vazio,
minhas inseguranças dançam,
sombras do meu ser,
vampiros sem reflexo,
ocultos, mas presentes.
O desejo, primitivo e feroz,
me impulsiona a continuar,
uma chama bruxuleante
que se recusa a extinguir
mesmo nas trevas mais densas.
As estrelas murmuram segredos
que o vento leva,
e eu, perdido na imensidão,
busco um sentido que escapa
como areia entre os dedos.
Entre o amor e o esquecimento,
minha alma balança,
um pêndulo que nunca para,
em busca de um olhar
que possa penetrar a máscara.
Ser quem sou
ou quem desejo ser,
um conflito que arde
como fogo em meu peito,
consumindo, mas iluminando.
A jornada é solitária,
um caminho sem fim aparente,
mas na vastidão do desconhecido,
encontro fragmentos de esperança,
luzes que guiam meus passos.
Pois na efemeridade da existência,
há uma beleza fugaz,
um brilho que persiste
mesmo na incerteza,
uma promessa de que, no fim,
serei visto, compreendido.
E assim, mesmo diante do abismo,
continuo a flutuar,
um viajante eterno
entre o céu e a terra,
entre o ser e o não ser,
na busca incessante por significado
e conexão.