Vem até mim
Vem até mim e deita ao meu lado.
Abraça-me. Juntemos nossos corpos como dois enamorados;
Fiquemos assim por horas. Se quiseres dormir, dorme.
Eu também vou dormir. Desejo não outra coisa senão me sentir em companhia.
Pelo menos estas horas que passamos juntos. Cubra-te.
A vida é difícil demais! Se não me amas, tudo bem, só fica por um momento.
Quero sentir teu respirar ao meu lado. Enroscar-me em teus cabelos.
Segurar-te a mão, a cintura. Quem sabe beijar a testa, ao lado dos olhos,
Olhos preguiçosos que ora fecham e ora se abrem.
Ir para o mundo dos sonhos não sozinho, desta vez, mas ao teu lado,
Sentindo o calor do teu corpo. Uma realização nada solitária.
Um mergulhar em si como duas máquinas que não se conhecem.
Um hiato na pandemia da ânsia e da angústia.
Um estar ao teu lado e tu do meu lado, sem pressa nem lágrima.
Um lago tranquilo que toma forma de epopeia de pássaros.