Dor da noite
Abro os olhos
E é madrugada.
Ainda ouço folhas arrastando-se pela calçada;
Levando pra longe o silêncio noturno;
Pincelando gotas da aurora no céu anoitecido.
Estou só...
Olhando para o teto;
E o barulho quieto no meu ouvido,
Agonia-me tanto
Que nem sei bem se estou acordado.
A madrugada é a mãe dos solitários;
Todos como eu buscando o caminho,
Às vezes sozinho,
Às vezes comigo,
Às vezes sem ninguém...
Custo a crer na dor que a noite me envolve;
E de tanto precisar de sua companhia
É que fiz da minha dor
A dor só de um homem em pó.