Dor da noite

Abro os olhos

E é madrugada.

Ainda ouço folhas arrastando-se pela calçada;

Levando pra longe o silêncio noturno;

Pincelando gotas da aurora no céu anoitecido.

Estou só...

Olhando para o teto;

E o barulho quieto no meu ouvido,

Agonia-me tanto

Que nem sei bem se estou acordado.

A madrugada é a mãe dos solitários;

Todos como eu buscando o caminho,

Às vezes sozinho,

Às vezes comigo,

Às vezes sem ninguém...

Custo a crer na dor que a noite me envolve;

E de tanto precisar de sua companhia

É que fiz da minha dor

A dor só de um homem em pó.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 09/01/2008
Código do texto: T810448
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