Jasmim
Encontrei alguém especial esses dias.
Ela mora pra baixo de casa, lá no mato do bosque.
Uma casa velha, triste e abandonada,
Que se encontra no final de uma viela.
O nome dela é Jasmim,
E beijamo-nos no último domingo.
Ah, minha semana começou alegre,
Meu peito só bate por ela;
Ao pôr do sol eu posso revê-la,
E sair pelas ruas de mãos enlaçadas,
Como dois adolescentes que se amam inocentes.
Dois canários a viver sempre juntos,
O sabor de conhecer a alma gêmea,
O sabor doce de um primeiro amor.
Jasmim virou minha prioridade,
E todos os dias vou à sua casa procurá-la.
Só aos domingos, porém, ela aparece,
Com seus cabelos castanhos e seus olhos de Jade.
Que alegria é fitá-los, pálidos como são,
Que sabor mais doce de seu beijo gelado!
Brincávamos como dois infantes irmãos,
Ao pé da porta ou na relva farta.
Faço-lhe cócegas e ela gargalha,
Lacrimeja quando na manhã eu vou para casa.
Dou-lhe selinhos nos seus lábios rosados,
Digo: tu serás minha namorada e eu teu namorado,
E nada mais penso quando estou longe dela.
Juntos escutamos de Liszt a Richard Wagner
Toco violão e ela soa seu violino.
Saímos em busca de cravos e lírios,
E caçamos mariposas pelos campos do bairro.
Alta noite, deito-me em seu colo
E ela se põe a acariciar os meus cabelos;
Diz: “Eu te amo, faz pouco que nos conhecemos
Como pode uma paixão tão enorme?”
Mas certa hora, na noite de ontem,
Ela vertia lágrimas e soltava suspiros;
Muito triste ela disse, para meu espanto:
“Seria tua, caso viva estivesse”.
Desapareceu assim, sem despedir-se,
E minha vida tornou-se um grande alvoroço.
Depressivo corro, pelas ruas em choro,
Quase decidido a terminar ao seu lado;
Mais feliz tivesse, na morte, um amigo.