Solitude
Eu queria não ter tanto nublado na vida
Talvez um pouco mais de sol, com calor e luz
Ou qualquer coisa que não só um cansaço
Estar primaveras e verões por mais vezes
Sem a opaca, insistente e fatigante chuva
Há muito frio agora e não há quem entre
Para aquecer os ouvidos com conversas sábias
E dividir presenças sob tons mais quentes
Que me façam vibrar os olhos com renovado viço
Estar aqui, mais que o comum, e construir de repente
O dia, como uma paleta amarelada de felicidade
Cozer histórias que não se emaranhem em névoas
Mas ao invés, aninhem-se na infinitude de algo além
Dos desejos e sonhos daquilo que o nunca sempre guarda
Como quem embala a esperança de novos começos
E preserva a companhia própria de quem sempre permanece
Trabalhando para juntar a exata medida do que é suficiente
Para sobreviver aos invernosos dias que acompanham a solitude.