SIGNO DE PLUTÃO
Sou do signo de Plutão;
Frio, longínquo, ostracista,
Herdeiro de total solidão.
Minha órbita é eterna...
Arrasto-me a Deus reprovador
Ante minha incoerente natureza.
Não tenho primavera e nem verões:
Sou outoniço;
E o inverno em mim é constante.
Na fatídica aquarela universal
Sou o nono. O último.
A anos-luz de um ano-luz sobrevivente.
No meu peito glacial agora queima
Uma paixão que repousa em Mercúrio.
Sua face escarlate me inquieta,
Seu calor, sua energia me seduzem.
Mas como violentar a Natureza onipotente,
Também ser pensante e tal sina me concebeu.
Resta resignar-me e seguir meu caminho;
Dia após dia nos meus infindos dias,
Ano após ano pela minha vida latente,
Paciente,
Eterna...