Acordar

 

 

Depois de uma noite longa.

Uma madrugada cheia de mistérios.

É como cair

de uma onda em desintérios.

 

Acordo de manhã, cambaleante.

Procuro os óculos….

Confesso que já dormi com eles….

São amantes secretos

E fiéis….

E enxergar é viciante….

 

Não encontro os óculos.

Só enxergo borrões desfocados.

Vou procurar os óculos de reserva

 

 

Pergunto-me: será que existe

alma reserva?

Esperança reserva?

 

Ao colocar os óculos

os borrões desaparecem

Saio da fase Monet e,

entro o no realismo cáustico.

no estilo privê

 

Perdoem-me os puristas

mas, de manhã as essências estão

promiscuamente misturadas.

Ainda procurando a identidade.

Ou algum raio de sol

a iluminar a consciência

 

E lá fora, há um orvalho cálido

Dependurado numa rosa branca

Sua beleza imponente.

Seus espinhos atentos

E, a primavera terminando

esperando talvez outros ventos

ou a revelação sincera de alguma

fragrância.

 

Acordei.

Respirei profundamente.

E, segurei minha alma entre os dentes.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 19/06/2024
Reeditado em 23/06/2024
Código do texto: T8089314
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.