nebulosa esperança
O que há são sombras
Não são seres
São reflexos sob a luz
Que se espicham no chão
Que dormem na varanda
Que espreitam os ventos
E, aguardam o compasso do tempo
Nessa imensidão silenciosa
Que existe entre o espaço e o tempo
Naquela coluna de dorso retorcido
Dores agudas reverberam
na beira dos lagos negros
Diante da sombra do passado
Lágrimas visitam meu rosto
Que nebuloso busca alguma esperança
Mas no fim da escada,
Há um degrau quebrado,
Há um desvão entre as paredes,
Um chiado estranho acompanha soturno
os passos na escada
São almas em ascensão,
Desejos que se precipitam
E voltam à terra em forma
de chuva fina
Agora diante dessa primavera
dura, esculpida em
flores que jamais murcham
No plástico lavável de suas pseudopétalas
Nos desertos intrínsecos
e doentios de nossas solidões
nos redescobrimos,
todo dia mais
nos cercamos de luz e mistério
de perplexidade e tédio
e, boquiabertos estancamos
diante da dúvida frugal
somos paradoxos ambulantes
somos sombras sem luz
espasmos sem movimento
e as palavras são catarses
explícitas
são pedaços doloridos
de nossas almas
recheados de sonoridade e grafia,
design e música
sofisticações inteligentes
de animais abortados por sua história.