nebulosa esperança

O que há são sombras

Não são seres

São reflexos sob a luz

Que se espicham no chão

Que dormem na varanda

Que espreitam os ventos

E, aguardam o compasso do tempo

Nessa imensidão silenciosa

Que existe entre o espaço e o tempo

Naquela coluna de dorso retorcido

Dores agudas reverberam

na beira dos lagos negros

Diante da sombra do passado

Lágrimas visitam meu rosto

Que nebuloso busca alguma esperança

Mas no fim da escada,

Há um degrau quebrado,

Há um desvão entre as paredes,

Um chiado estranho acompanha soturno

os passos na escada

São almas em ascensão,

Desejos que se precipitam

E voltam à terra em forma

de chuva fina

Agora diante dessa primavera

dura, esculpida em

flores que jamais murcham

No plástico lavável de suas pseudopétalas

Nos desertos intrínsecos

e doentios de nossas solidões

nos redescobrimos,

todo dia mais

nos cercamos de luz e mistério

de perplexidade e tédio

e, boquiabertos estancamos

diante da dúvida frugal

somos paradoxos ambulantes

somos sombras sem luz

espasmos sem movimento

e as palavras são catarses

explícitas

são pedaços doloridos

de nossas almas

recheados de sonoridade e grafia,

design e música

sofisticações inteligentes

de animais abortados por sua história.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/01/2008
Código do texto: T807630
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