Os estranhos
Quantos estranhos
eu encontro na rua
momentos enfadonhos
alguns me viram nua
o âmago do meu ser
nem sei o que dizer
pois eu sinto o cheiro
e estremeço por inteiro
sei chamar o nome
reconheço o rosto
isso me consome
pois sei os gostos
e ainda os desgostos
não sei o que fazer
Da trilha sonora
do trauma
ou filme favorito
é nessa hora
que a alma
dá um grito
sei o tamanho do calçado
o nome da bisavó
o ponto do café amargo
na garganta vem um nó
estranhos que são
sei tanto sobre eles
mas é tudo em vão
após míriades de meses
escolho a contramão
Estranhos todos somos
estranhos voltamos a ser
assim parece um sonho
do qual se anseia o amanhecer
Se um dia vos encontrar
e não vos cumprimentar
não vos ofendais
minha mãe me recomendara
à não dirigir a palavra
à quem desconheço
e eu assim obedeço
e por fim me despeço