Domingo
Domingo a noite quando todos os meus cachos se encolhem envoltos a uma toca de cetim
E a cidade em um silêncio ensurdecedor se faz noite
Sinto vontade de ser mãe.
E por um breve momento
Brinco com a nuvem do sonho
Entre um cômodo e outro
Me encontro na segunda parte da vida
E não sei o que fazer.
De pés descalços sinto o piso frio
me falta um abraço
Mas caminho por um longo corredor
Entre o compasso dos pés e do coração.
As janelas cessam suas luzes
E as ruas não imitam o caos do mar.
Sinto a pior hora do dia se aproximar
Não há para onde correr
Entro em meu quarto
E com as mãos do sentido
Espreito a luz que reflete a cortina
Onde me deito sob o incomodo divã do delírio
Esperando ser acordada com o acorde
Mais lindo do tempo dado por Deus
Em que se diz: mamãe.