Incisivo Dorso Autofágico
Remoer cada uma das palavras dos amantes
Vislumbrando adagas escondidas nos calcanhares
Enquanto evocam véus olhos de moscas
Contemplando a ambiguidade que tal imagem se cria
Todo o anjo derrete na pele
Como tais intersecções de gauche
Tudo depende da confiança esdrúxula
Neste departamento de quebra-cabeças passionais
Modular mentiras com prepotência
Era um esporte convencional
Preocupado tão somente com dissecações
Talhadas para prevenir pires e tanatoscópias
Meu corpo é sujo, meu passado também
Nele há provas macabras do meu evangelho
Fadado a ruir-se em primazia aos teus encantos
Antes segredo do que qualquer viés de deslumbre
O atrito truncado, o sal derramado
Por entre o florir das feridas abertas
Um instante aprovado correndo
A cor do ouro superando fusos
Congregar na decadência do meu corpo
Teimando em envelhecer, suspirando cores quentes
Teimando em parcelar a juventude à prazo
Aceitando as carícias de um fim de tarde
Cada timbre dessas vozes transitavam o delírio
Oportuno pêndulo, rituais de quadris
Perecer o irreal perfume de leões abruptos
E intuir suspenso, o poderio de tal aconchego
Enrugar meu rosto ao lado dos teus olhos
Aceitar o imergir dentro do eixo duplo das imposições
Sons que carregavam a força de tambores
Observando furacões transmutarem vultos