Em Bares
Em bares vejo homens em roupas gastas e sapatos velhos,
Homens cheios de histórias feridas,
Repetidas em cada copo que se enche e esvazia,
Em goles profundos cheios de rancor,
Vejo anjos imperfeitos a beira da loucura,
Devastados por mulheres,
Dinheiro,
Religião,
Filhos,
Amor,
Traição,
Em bares vejo poesias embriagadas,
Encharcadas em whisky barato e cigarros,
Olhos vazios e solitários em meio a fumaça,
Mulheres sujas em bares amam esses trapos de homens,
Alguns até cometem suicídio antes que elas cheguem até eles,
Mas o que esperar de uma vida tão banal?
Em bares ninguém realmente é triste,
Ela tem olhos lindos,
E um perfume de rosas,
Mas ela me viu em bares,
E eu não a vi,
Ela gosta de canções de amor,
Por isso vai em bares,
Onde me encontrou,
Com um copo na mão murmurando palavras ao vento,
Poesia; eu disse,
E ela sorriu e completou o copo,
Em bares,
Vejo criaturas humanas sozinhas,
Eu estava sozinho,
Um louco sujo cheirando a whisky barato e cerveja choca,
Sem amor,
Sem poesia,
Sem bebidas,
Um sapato velho e sujo,
Sorriso amarelo de quem queria chorar,
Em bares só anjos caídos vão se embriagar,
Somos apenas anjos imperfeitos, pensei.
O que eu sou se não um perdido?
Ainda sim foi capaz de me abandonar,
Caminhou até a porta e sequer olhou para trás,
Eu louco?
Talvez,
Em bares eu vagueio,
Em bares eu estou,
Se está lendo isso agora,
Aqui estou,
Em um bar,
É isso,
Sozinho.